Relutei o máximo que pude, mas
a entrevista começou com o Ney Matogrosso do Banrisul me trazendo um caneco de
Jack Daniels, lôco de especial. Dei duas bicadas e pedi pra ele se maquiar.
“Mas não me vem com esta, tem foto minha maquiado de tudo quanto é jeito, pega
uma lá e deu”, respondeu o rapazito mais Molhado do que Seco.
O que poucos sabem é que o
Daniel Chahin é cantor do coral do Banrisul. Entre barítonos, sopranos e
contraltos, seu tenor reverbera nos tímpanos mais requintados. Vai do gospel
até as cantigas dos nossos pampas. Pode parecer careta, mas é assim que os
campeões treinam seus vibratos, suas técnicas mais auspiciosas e o imaginário
de um rockstar.
A jornada começou com seu tio
Pedro, um sobrevivente dos anos 80, lhe mostrando sua vasta coleção de discos
de rock durante a pré-adolescência. Quando moleque 13, o Chahinzêra ouvia
Legião Urbana, sabia cantar todas, pintava uma barba postiça fechava o olhinho
e encarnava o Renato Russo. E cantava. Cantava sem sentir que estava cantando.
A barba foi ficando verdadeira
com o passar dos tempos e ele foi indo pro metal. Começou a curtir as gorduras
dos drives, cabeleiras ao vento e roupas de couro. Foi indo de uma banda pra
outra. Um cabeludo lhe ouvia e lhe convidava pra uma banda com cabeludos
melhores. E assim foi seguindo o baile from hell.
Numa desventura do destino, foi
expulso de uma banda, a extinta Papudos. Ahhh, mano do céu. O Chahin ficou
puto. Tinha voz, gana, postura e ouvido cru. Além disto, tinha a cabeleira de
metal mais pomposa e cheirosa do ramo. Não dava pra ficar barato. Começou a
estudar música na Academia do Miranda em 97. Aí o gogó começou a ficar
precioso. Primeiro recebeu um banho de cobre, logo depois bronze, prata e
recentemente foi banhado a ouro.
Passava horas e horas na Banana
Records ouvindo tudo que podia. Nos tempos de MTV, olhava as camisetas da rapaziada
from hell e ia atrás pra descobrir novas bandas. Entre nomes pingando sangue,
simbologias do tinhoso e bafomés dourados ele foi ficando maroto no metal.
Imbatível.
Mas o que mudou suas madeixas,
a forma de pensar música, de cantar e de virar homem e lobisomem foi quando
achou perdido na casa do tio o tal disco dos Secos & Molhados. Gastou umas
15 agulha de vitrola, de tanto que ouvia. Levou pra gurizada da Moonlight, sua
antiga banda de metal, e eles também piraram. Não demorou muito e as perucas
foram ao chão. Montaram a banda El Rey em 2010 e começaram a fazer shows. As primeiras
maquiagens baratas escorriam com o suor da rapaziada feito corretivo líquido. O
som impecável.
De pouco em pouco foram
investido aqui e ali e despertaram a atenção do Gerson Conrad, um dos
membros fundadores do Secos & Molhados. O Chahin começou a se atucanar mais
e mais com a balança. Começou um regime cousa muito séria. “Já viu Ney
Matogrosso barrigudo e pelado? Não, né? Então”. Do colágeno ao sushi light ele
alcançou a meta.
Foi apadrinhado oficialmente por um
Secos & Molhados legítimo no Programa do Róger, na TVCOM. Não é pouca
cousa, viu? Ele veio e até então já fez 2 shows oficiais com a rapaziada da
banda El Rey em teatros lotados. Chahin foi elogiado pela voz, figurino com
penachos na cabeça e até pelas danças com a coxinha de fora. No Banrisul ele é
sucesso absoluto. Uma referência cultural do pop legítimo. Faz sucesso com as
gatas. Até com os gatos. Mas aí ele dispensa.
Parabéns Chain! Sucesso merecido! Bjss! Grazi
ResponderExcluirGrande Dani!!! Desejo muito sucesso. Abração
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